O Dilema do Atendimento Médico em Casos de Hemorragia Suspeita
Em um contexto alarmante de óbitos femininos em ambientes hospitalares, frequentemente associados à suspeita de aborto em casos de hemorragia, a influenciadora digital Mariana Almeida compartilhou uma experiência pessoal chocante em suas redes sociais. Ela revelou ter vivenciado uma hemorragia e, tomada pelo pavor de ter sua situação interpretada erroneamente como uma tentativa de aborto, hesitou em buscar o socorro médico essencial.
O Receio do Julgamento Prejudica a Busca por Ajuda
Em um vídeo publicado recentemente, a influenciadora detalhou que possui um diagnóstico de endometriose, uma condição que, assim como em outros casos de mulheres que tiveram hemorragias consideradas abortos espontâneos ou incompletos, pode levar a sangramentos intensos. O seu maior receio era o julgamento: “Não fui para o hospital por medo de que achassem que eu estava sofrendo um aborto mal-sucedido e isso gerasse algum tipo de violência contra mim”, confessou.
A Dificuldade de Ser Ouvida e a Naturalização da Dor Feminina
Mariana Almeida refletiu sobre o enorme risco que correu ao evitar o hospital, local que, em princípio, deveria ser um espaço seguro de acolhimento e tratamento para qualquer emergência de saúde. A atitude foi motivada por notícias trágicas: “Prova disso foi a notícia que eu me deparei de uma mulher que sangrou até a morte dentro de um hospital. Ela estava com uma hemorragia, assim como eu. Consequência de uma endometriose e simplesmente não atenderam ela porque acreditaram que ela estava num processo de aborto mal sucedido”, destacou, referindo-se a um incidente em Olinda (PE).
Endometriose e a Descrença no Relato da Paciente
Os depoimentos de mulheres com endometriose que enfrentam situações semelhantes de desconfiança e negligência médica têm se tornado cada vez mais comuns. Segundo Mariana, é extremamente difícil conseguir ser ouvida e ter os sintomas validados pelos profissionais de saúde. Ela argumenta que a dor feminina é frequentemente “naturalizada”, dificultando a obtenção de um suporte médico adequado. A influenciadora pontuou que mesmo após o diagnóstico, o tratamento nem sempre ocorre com a devida dignidade e acolhimento.
A Questão do Desconhecimento versus a Desvalidação Médica
Inicialmente, a influenciadora atribuía a dificuldade em receber tratamento adequado para a endometriose ao desconhecimento médico sobre o quadro. Contudo, ela mudou sua percepção e hoje acredita que muitos profissionais conhecem a doença, mas intencionalmente falham em validar e legitimar as dores e os sintomas apresentados pelas pacientes. Esse cenário gera uma profunda sensação de impotência e desamparo, especialmente quando sintomas da endometriose se assemelham a um processo de aborto, levando a uma potencial recusa de atendimento, mesmo que a negação de socorro seja inaceitável em qualquer circunstância.
Conclusão:
O relato corajoso de Mariana Almeida lança luz sobre uma realidade crítica no sistema de saúde: o medo de julgamento e a desconfiança em relação às mulheres, especialmente em emergências ginecológicas que envolvem hemorragia, como aquelas causadas pela endometriose. O receio de ser rotulada por um aborto não-seguro a impediu de procurar ajuda, ilustrando como o preconceito e a desvalidação da dor feminina têm consequências potencialmente fatais. O caso exige uma reflexão urgente sobre a ética, o acolhimento e a humanização do atendimento médico, garantindo que todas as mulheres recebam tratamento digno, independentemente da suspeita inicial de sua condição.
Com Informações do site: Metrópoles
